NOSSOS VÍDEOS

domingo, 11 de junho de 2023

Maria e Ayahuasca: A rede energética

 


Era um sábado cheio de expectativas, pois Maria havia decidido consagrar a Ayahuasca novamente. Ao acordar pela manhã, ela realizou suas tarefas e partiu com seu marido para encontrar seus novos amigos naquela Terra Sagrada.

Suas expectativas eram altas, mas também havia um certo receio em relação aos possíveis efeitos colaterais da "cura" que os xamãs mencionavam, como enjoos e desconforto intestinal. No entanto, ela sentia que deveria enfrentar o processo que estava por vir.

Ao chegar ao local, o casal foi recebido com alegria e respeito pelos novos amigos. Como não eram mais novatos, não precisaram passar por triagens ou orientações. Muitos dos xamãs mais experientes estavam vestidos de branco, usando colares e guias que representavam suas experiências espirituais na umbanda e sua formação xamânica. Os mestres que conduziriam a sessão, portando cajados, guiaram os convidados até o terreno onde a celebração aconteceria. Primeiro, os mestres auxiliares e os convidados já iniciados se dirigiram ao local. Todos pegaram instrumentos de percussão disponíveis e formaram um grande corredor humano pelos quais os recém-chegados passaram. Essa dinâmica é conhecida como "Corredor da Gratidão".

Um dos mestres auxiliares explicou que eles deveriam proporcionar aos recém-chegados a mesma recepção afetuosa e alegre que eles próprios receberam em sua primeira vez. Para Maria, foi uma honra poder participar dessa atividade, pois se sentia feliz por estar ali, mesmo sem saber o que esperar em seu próprio processo de consagração da Ayahuasca.

Quando chegaram a um campo aberto, coberto por uma lona ornamentada com estrelas, todos se sentaram separados por gênero, com os homens de um lado e as mulheres do outro. O mestre xamã evocou a proteção de seus guias ancestrais e começou a distribuir a poção para todos os iniciantes presentes.

Segurando o cálice com a mão direita e orientados pelo mestre, todos proferiram em voz alta a frase: "Eu consagro a Ayahuasca" e beberam o líquido. Alguns minutos depois, o mestre xamã, inspirado por uma força superior, pediu que todos os visitantes levassem suas cadeiras e cobertores para a parte externa da tenda.

Lá fora, a natureza demonstrava sua divindade e benevolência, com árvores centenárias emoldurando um céu estrelado. O mestre xamã convocou um de seus auxiliares, chamado "Mestre do Fogo", para acender uma grande fogueira no centro do terreno. Cerca de 50 pessoas estavam presentes, sentadas ao redor da fogueira acesa, em silêncio por alguns minutos. O que se ouvia eram os sons da natureza: grilos, vagalumes e a brisa suave que balançava as folhas. O estalar das brasas na fogueira também era audível. Maria percebeu que assim que a fogueira foi acesa, um pequeno sapo assustado saiu de lá, mas ao notar a presença das pessoas, rapidamente se escondeu.

A Ayahuasca leva alguns minutos para começar a fazer efeito, e durante esse curto período, com músicas inspiradoras e letras reflexivas, Maria começou a sentir as mesmas sensações da primeira vez. Suas mãos começaram a adormecer, um leve enjoo surgiu e seu intestino começou a fazer barulhos estranhos. Maria pensou: "Ai meu Deus, espero não ter problemas intestinais ou vomitar aqui...". Ao mesmo tempo, ela procurou onde seu marido estava sentado e se perguntou se ele estava bem. Após alguns olhares, viu seu marido sentado, tranquilo e concentrado nas palavras dos mestres e auxiliares.

Novas músicas foram entoadas, e Maria sentiu seu corpo congelar. Ela se cobriu completamente com seu cobertor, pois a umidade do sereno na cabeça misturava-se com o calor da fogueira, que aquecia suas pernas.

Maria já estava imersa em sua consagração quando uma música dedicada aos pais começou a tocar. Enquanto ouvia o depoimento de um dos participantes sobre seu pai, Maria percebeu que precisava fazer algo por seu próprio pai. Ela sabia que ele havia falecido longe da família e sozinho. Em uma experiência anterior fora da Ayahuasca, Maria havia visualizado seu pai em um lugar escuro, recusando ajuda dos amigos espirituais. Aproveitando a oportunidade, Maria fez uma oração por seu pai e enviou-lhe energias positivas.

Após alguns minutos, durante uma música, Maria começou a ver cores distorcidas e imagens incompreensíveis, o que a fez perceber que estava saindo de seu estado normal de percepção. Quando decidiu abrir os olhos, deparou-se com luzes no céu, surgindo e irradiando um brilho intenso. Essas novas luzes juntaram-se às estrelas, e várias correntes luminosas interligaram todas elas, formando uma imensa teia de energia iluminada.

Maria olhou para cima, para o alto, e percebeu que aquelas teias possuíam formas geométricas fascinantes. Ela contemplou a cena, mas algo dentro dela a instigou a aprofundar sua percepção. Sentiu-se grata, pois começou a entender que a natureza da Ayahuasca estava revelando a ela o funcionamento do sistema cósmico, invisível quando a mente não está expandida. Maria compreendeu a teia cósmica que interliga todos os planetas e estrelas por meio de correntes energéticas iluminadas.

"Preciso observar com mais detalhes", pensou Maria. De repente, a teia iluminada e interconectada pelos feixes de luz mudou de posição, permitindo que Maria visse uma imensa torre de energia composta pelos feixes dessas teias, saindo do alto do céu, das luzes estelares, e irradiando em direção à Terra, bem à sua frente. Essas ligações sutis não eram tão brilhantes quanto as luzes celestes, mas assumiam diferentes formas geométricas, de acordo com suas conexões.

Maria pensou: "Isso parece uma das naves espaciais que vemos nos filmes, mas com uma diferença. Elas não são peças fixas em um sistema voador, estão se movendo suavemente, como se flutuassem e observassem todo o ritual que ocorre na dimensão de Maria ao mesmo tempo."

Agradecendo por essa visão emocionante, Maria se questionou mentalmente: "Você é uma nave mãe ou várias naves flutuando aqui em cima?" Imediatamente, uma resposta ressoou em sua mente: "Somos várias naves compostas das moradas do Pai, que juntas formam uma nave mãe. Estamos aqui para auxiliar os irmãos da Ayahuasca a compreenderem que tudo, absolutamente tudo, está interligado."

Maria se emocionou profundamente enquanto sentia sua respiração ofegante. Ela retornou aos seus sentidos ao escutar o chamado do Xamã, convidando os participantes que desejassem tomar uma segunda dose da poção. Maria pensou: "Não... não quero me desconectar dessa visão e desse ensinamento, vou permanecer aqui..." Ela não queria parar de observar e ver aquilo. Tinha descoberto que as energias inteligentes interplanetárias sempre estiveram ao seu redor; ela simplesmente não possuía os olhos e a abertura mental necessária para vê-las. Agora, sabia que mesmo quando não estivesse sob o efeito da Ayahuasca, poderia ter a certeza de que essas energias existem e sempre estarão presentes quando ela quiser se conectar a elas.

Mais uma vez, o Mestre Anfitrião ecoou seu chamado, permitindo que os participantes que desejassem falassem. Vários irmãos se apresentaram com depoimentos e ensinamentos, que Maria ouviu atentamente, sem desviar os olhos das luzes que permaneciam no céu. Um Mestre Cristiciísta muito conhecido por Maria levantou-se e pediu a palavra. Surpresa com a atitude do homem, Maria desviou sua atenção das naves para ouvi-lo.

O Mestre Cristiciísta pediu licença ao Mestre Xamã para realizar uma das orações Cristiciístas diante do fogo sagrado. O Mestre Xamã anfitrião concedeu permissão ao Mestre Cristiciísta, e este, olhando para o céu, começou a entoar o que ele chamou de "Pai Nosso Cósmico" da Ordem de Melquisedec:

"Pai de toda vibração universal, santificados sejam os campos divinos de vibração superior. Venham a nós os mensageiros de luz, sejam cumpridas as leis evolutivas, assim nas esferas superiores como nos campos em transição evolutiva de vibração densa. O alimento espiritual de cada dia, dai-nos para toda a eternidade. Perdoa-nos, santificando o tempo que levamos no cumprimento de nossos resgates espirituais, assim como temos a obrigação de perdoar nossos irmãos, que privados de maior compreensão, não conseguem, em seu estágio atual de evolução espiritual, vibrar numa esfera superior e atingir estados mais elevados de consciência, onde a sabedoria espiritual livra o homem da condição de devedor. Não nos deixeis meditar sobre o que for contrário à evolução do espírito, mas dai-nos a força necessária para gerarmos a força necessária, a fim de possibilitarmos ao nosso espírito uma maior visão e uma maior compreensão do plano da criação. Em nome do Pai da Criação, dos Filhos Criados e dos Espíritos Puros, para a glória da missão superior."

Maria orou junto com o Mestre Cristiciísta, sentindo-se feliz e orgulhosa por tê-lo como amigo íntimo. Em seguida, um mestre Umbandista convidado participou da celebração com um defumador aromático. Vestido de branco, com um turbante na cabeça, ele percorreu o salão balançando o incensário de ferro grosso e emanando a fumaça sagrada, benzendo os mestres e aqueles que se levantavam para receber a benção. Sob a luz das naves que Maria contemplava no céu, os cânticos sagrados do umbandista ecoavam pelo salão, manifestados com potência e sabedoria ancestral.

Durante esse momento mágico, Maria sentiu em seu corpo a presença da Índia que havia se apresentado a ela em sua primeira sessão de Ayahuasca. Ela permitiu que essa presença a assistisse através de seus olhos, enquanto relaxava e permitia. Maria sentiu a Índia auxiliando na emissão de energia captada das luzes das naves que seus olhos contemplavam.

Após a benção do mestre umbandista, a cerimônia seguiu com a participação de uma terapeuta que tocou um sino com uma frequência sonora de paz e união. À meia-noite, durante o encerramento com os agradecimentos do Mestre Xamã anfitrião, as luzes ainda pairavam no céu. Maria percebeu que as redes de luz deixaram uma impressão fraca em sua percepção. Em silêncio, ela se reuniu com seu marido e juntos seguiram para uma confraternização, onde todos celebraram com alegria suas experiências pessoais.

Enquanto observava seus amigos conversando e desfrutando de pães, bolos, café e sucos, Maria refletia sobre como os seres humanos são semelhantes às estrelas que acabara de contemplar. Ela concluiu que os seres humanos, animais e vegetais formam uma rede atraída por semelhança e potência. À medida que os seres se integram, formam correntes de forças, assim como as naves que se uniram para formar a grande nave mãe em suas visões.

Maria compreendeu que o universo está se esforçando para conscientizar e reunir as sementes estelares encarnadas na Terra. Juntos, somos incubados em corpos de tamanhos e formas variados, mas com notáveis semelhanças biológicas, frutos da criação do Deus Pai Criador, a Força Integrada dos Elementos de Grau. Essa força está presente na centelha de Maria e em todos os seres que habitam este e outros planetas, em várias formas biológicas. Todos os integrantes da rede energética que conecta, transfere e compartilha conhecimento em diferentes graus, definindo a escala de evolução dos seres e de todas as consciências cósmicas.

Maria sentiu alívio por não ter tido incômodos orgânicos durante a sessão e adormeceu feliz por ter testemunhado de perto aquilo que sempre suspeitou que existisse. Ela se questionava sobre quais surpresas e vivências a Anciã Ayahuasca ainda reservaria para ela.

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